
Estava junto ao Mondego...sentei-me a contemplar o rio...o rio a quem eu conto todas as minhas mágoas, os meus segredos, as minhas preocupações...o rio que mais do que um amigo é a minha inspiração de todos os dias... aquele rio que outrora sentira as minhas lágrimas cair de sofrimento e as tentou levar para bem longe na esperança de me acalmar, aqueles abraços que me tentaram confortar quando estava à beira do abismo...O Mondego...o meu eterno aliado,nas horas boas e más!!!
Mas hoje não estava com vontade de conversar com ele nem mesmo lhe contar o porquê da minha visita...queria apenas contemplá-lo...ver a sua alegria quando corre numa direcção sabendo ao certo qual o caminho a percorrer e como percorrer...era isso que me fazia ir ali...apenas para contemplar e tentar perceber o porquê de EU não ter nem saber que caminho percorrer e como percorrê-lo...e ao olhar para as milhares de gotas que constituem o Mondego...vi apenas um rosto que reflectia mágoa, revolta e mais uma vez desilusão!!!
Desilusão porque as pessoas não são o que parecem, revolta porque eu sempre soube disso e nunca o quiz admitir e mágoa porque apesar de tudo não consigo de deixar de ser quem sou mesmo quando esta minha personalidade me faz sofrer cada vez mais...
Eu sei o que sou e não quero mudar, é uma certeza, mas...quem sou não ultrapassa a maldade de quem quer ser um pedaço de mim...pedaços esses (poucos, muitos poucos os que restam!!!) que ao fundirem-se num só resulta numa alma dilacerada, num coração despedaçado...
E é neste coração que eu não deposito mais qualquer esperança...
O Mondego continuava a perguntar-me se precisava de apoio, carinho e intimamente se questionava o porquê do meu silêncio mas eu não me importei...então, quando dei por mim, percebi o porquê de todo o meu desespero: o meu egoísmo!!!!Egoísmo porque deveria pensar mais em mim e não nos outros....pode parecer estranho mas não o é...Eu não penso no meu bem-estar mas sim no bem-estar dos outros e por mais que me esforçe para ser diferente...não consigo!!!!
As minhas forças fraquejam, o meu corpo esmurece...e Eu desapareço...e voo rumo ao infinito...percorro os oceanos, as florestas...voo livremente...mas o Mondego faz com que volte à realidade...esta realidade que me entristece, que me constrange, que no fundo me aborrece...porque não deixa de ser a minha realidade!!!!!!!Mas sei que o Mondego estará aqui sempre para mim...
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